Precisamos parar de culpabilizar os jovens
Recentemente, li uma matéria da Forbes que mostrava os resultados de uma pesquisa realizada pela empresa Resume Builder sobre problemas de comportamento da Geração Z (pessoas nascidas entre 1995 e 2010), que estavam afetando a reputação destes jovens no mercado de trabalho. O estudo traz alguns dados que chamam a atenção, como a informação de que 30% dos respondentes tiveram que demitir um Gen Z após 30 dias do início do trabalho, e outra estatística apontando que 30% dos recrutadores preferem contratar trabalhadores mais velhos aos profissionais da nova geração.
A pesquisa mostra também que as questões comportamentais dos jovens vão desde as entrevistas de emprego até o dia a dia de trabalho, depois de serem contratados. Tem situações mais simples (apesar de requererem atenção), relacionadas a etiqueta – como vestir-se adequadamente ou saberem se comunicar –, e outras mais sérias, atreladas a ética profissional e relacionamentos interpessoais.
De fato, há uma enorme margem de melhoria para a Geração Z (como tivemos em todas as Gerações), e seus jovens precisam ser responsabilizados, quando necessário. Mas, apenas culpabilizá-los ou demiti-los não resolve nada. É preciso orientá-los, treiná-los e desenvolvê-los para diminuir o gap de conhecimentos e habilidades, e torná-los melhores profissionais. E esta questão não é exclusiva à Gen Z; nenhuma geração passada ingressou no mercado de trabalho sabendo tudo.
É fundamental que as empresas e seus gestores invistam em programas de mentoria e ofereçam estas oportunidades de desenvolvimento. Saiba que os jovens querem isso e estão muito abertos a aprender. Inclusive, vários deles acabam pedindo demissão de seus empregos justamente por não se sentirem apoiados em suas carreiras.
Outro ponto que não pode ser desprezado nesta discussão são os vieses gerados pelas diferenças geracionais. A pesquisa realizada traz dados do ponto de vista dos gestores destes jovens, que na grande maioria das vezes pertencem a gerações mais velhas. Ou seja, existem divergências culturais e de costumes que influenciam na percepção dos respondentes sobre o comportamento da Geração Z no mercado de trabalho. E, assim como os profissionais em início de carreira precisam se adaptar às idiossincrasias de seus colegas das gerações mais velhas, os mais experientes também precisam se moldar às particularidades desta nova força de trabalho, a fim de chegarmos a um meio termo para uma convivência saudável e respeitosa.
Por fim, é importante lembrarmos que a evolução profissional está diretamente ligada ao nível de experiência que a pessoa possui. Estamos falando de novatos do mercado, e existem conhecimentos que só são adquiridos com uma certa rodagem, com o empirismo e com o processo de tentativa e erro. Dar espaço para que a falha aconteça e torne-se uma lição, e não uma punição, é essencial para o amadurecimento profissional. Talvez esteja faltando um pouco desta empatia e compreensão com os jovens talentos da Geração Z – que, é bom ressaltar, muito em breve ultrapassará os Baby Boomers e em alguns anos os Millenials na força de trabalho!