Custo, agilidade, liberdade e mais fatores que tornaram o modelo de C-levels como interinos e temporários tão desejado
“C-levels as-a-service”, “Talent as-a-service”, “executivo temporário ou fracional”, “liderança interina”… Nos últimos meses, você deve ter se deparado com pelo menos um destes termos. Com pequenas diferenças entre si, todos eles se referem a um modelo de contratação que a cada dia ganha mais força: o de profissionais de nível C-level prestando serviços para empresas de forma temporária ou interina.
Há diferentes motivos para o aumento desta demanda, a começar pela atual conjuntura macroeconômica instável. A grande maioria das companhias está em um momento ao menos de cautela, do ponto de vista de custos e riscos, e isso influencia diretamente em suas políticas de contratação.
Sai caro para a empresa quando um colaborador trazido não se encaixa; quando falamos de um profissional em cargo C-level então, que possui um pacote alto de total rewards (incluindo aí remuneração fixa e variável mais bônus), a conta pode não fechar. Atrelado a isso, se comprometer no longo prazo com um executivo ou uma executiva que não se encaixou na cultura da companhia ou não está entregando os resultados necessários agrava ainda mais este cenário de alto investimento com baixo (ou sem) retorno.
Trazer uma liderança C-level no formato de staff loan (temporário/interino) mitiga muito estes riscos e melhora a relação custo-benefício. Por exemplo, pense em uma empresa que contratou um CFO de forma terceira ou temporária para ajudá-la a se preparar para um IPO. Por seis meses, este profissional trabalhará de 30 a 40 horas por semana, a fim de garantir o planejamento e a execução correta de todo o processo da abertura de capital da companhia na bolsa. Pós-IPO, a demanda por este CFO provavelmente diminuirá bastante, e a empresa poderá negociar com ele menos horas por semana dedicadas ao negócio. Seja em casos como este ou de um cancelamento de contrato, a companhia não está engessada para fazer as adaptações e mudanças que julgar necessárias.
Além dos custos envolvendo alguém que ocupa um cargo de C-level, há um alto investimento de tempo para encontrar e contratar o ou a profissional que mais tenha fit com a cultura e os desafios da empresa. Como estamos falando da alta gestão, de alguém responsável por ajudar a guiar o negócio e a tomar decisões estratégicas, a “sabatina” pela qual esta pessoa passa é muito mais longa e criteriosa. A questão, porém, é que muitas vezes a companhia não tem justamente o tempo necessário para se investir neste processo (especialmente em casos de maior urgência, como quando o próprio executivo pede as contas), aumentando assim as chances de se errar na contratação.
Trazer um profissional C-level nos moldes de staff loan para atuar como uma liderança interina se mostra uma solução eficiente em um cenário como este. Ao mesmo tempo em que o setor de RH ganha mais tempo para procurar com calma uma opção permanente, é passada uma mensagem clara para o mercado de que a empresa não está sem comando. Além disso, o próprio executivo interino pode atuar como um “tutor” na preparação de um sucessor para a cadeira de C-level e garantir uma passagem bem-feita, ou ele próprio pode ser efetivado caso corresponda às expectativas do negócio.
Além da diminuição de custos e do ganho de agilidade, outro fator não menos importante para o aumento da demanda por contratações de executivos C-levels como interinos ou temporários é a oportunidade de eles atuarem praticamente como consultores externos para a empresa contratante. Um profissional deste calibre costuma unir experiência, conhecimento técnico e visão estratégica, e pode trazer novos pontos de vista para velhos problemas da empresa, ajudar a criar processos e estruturas e tirar do papel grandes projetos – como lançamento de produtos, ampliação da atuação da empresa em novos mercados ou mesmo a implementação de um sistema de ERP.
Bom também
para o contratado
O modelo de contratação dos C-levels como staff loan é vantajoso não apenas para as empresas. De forma crescente, os executivos vêm enxergando com bons olhos os contratos de trabalho mais flexíveis, a fim de conseguirem atuar por diferentes empresas ao mesmo tempo. Essa possibilidade de atuação em outros negócios permite a eles acumularem mais experiência rapidamente, conhecerem novas culturas, cenários, desafios e processos corporativos – e, claro, ampliar e qualificar seu networking.
O pós-pandemia trouxe também mais preocupações destes profissionais em relação a questões de saúde mental, fazendo-os começarem a optar por projetos mais curtos, em detrimento das tradicionais “maratonas” de trabalho no modelo integral.
A tendência é que nos próximos anos a contratação pelas empresas de profissionais C-levels como interinos e temporários só aumente. Sua flexibilidade, custo e ganho de possibilidades torna o modelo atrativo para ambos os lados.