87% dos colaboradores já tiveram um líder tóxico
Colunista da VocêRH e do Valor Econômico
O trabalho é uma das atividades que mais demandam o tempo da nossa vida. Então, é justo que, seja presencial ou remotamente, a gente desfrute de um ambiente de apoio, acolhimento, colaboração e empatia, não é mesmo? Mas, infelizmente, isso não é regra.
A pesquisa “Lideranças tóxicas e os impactos na cultura organizacional, clima e carreira do profissional”, realizada pela Talenses Executive, com o apoio da FGV – Fundação Getulio Vargas, mapeou que 87% dos 590 entrevistados consideram já terem tido um líder tóxico. Do total, 62% já pediram demissão em razão desse perfil de liderança.
Considero as duas porcentagens muito preocupantes, tendo em vista que, no mundo corporativo, o gestor é a figura com grande potencial para inspirar e engajar o time a fazer bem o que precisa ser feito, a vestir a camisa da organização. O ambiente tóxico gera muitos prejuízos para o negócio ao fazer com que as pessoas sintam aversão ao trabalho ou, até mesmo, cheguem a pedir demissão.
É importante ressaltar, porém, que ambientes tóxicos não são gerados apenas pelo comportamento dos líderes. Profissionais de diferentes níveis hierárquicos de uma organização podem contribuir para o estabelecimento desse cenário. Por isso, precisamos estar atentos às oportunidades de combater essas situações.
Aqui vão algumas sugestões para combater relações tóxicas no trabalho:
1
Reconheça o seu valor
A ideia é trazer para a sua consciência todas as suas capacidades e valiosas contribuições como pessoa e como profissional para o dia a dia da empresa. Isso tende a fortalecer o seu entendimento sobre merecer trabalhar em um ambiente que preze pela saúde mental e emocional das pessoas.
2
Posicione-se diante da pessoa tóxica
Sempre que algo te incomodar no relacionamento com alguém da sua empresa (gestor, par ou subordinado), considere a possibilidade de procurar essa pessoa para expressar o seu desconforto, como uma forma amigável de estabelecer limites na relação. Faça isso de uma maneira clara, objetiva e respeitosa. Evite revidar o comportamento.
3
Não se precipite
Cada um sabe sobre a elasticidade da própria tolerância às situações. Isso quer dizer que pedir demissão é um caminho para se livrar do desconforto, mas ele não deve ser encarado com o único, principalmente se você tem admiração pela organização.
4
Insista em tentar resolver a questão com uma conversa
Avalie conversar sobre a sua experiência com a liderança direta. Caso o diálogo com essa pessoa seja difícil ou o líder seja o problema, considere buscar aconselhamento com outros líderes ou com o responsável pelo RH.
5
Acesse os canais de denúncia da empresa
Principalmente se você estiver diante de uma situação de assédio moral ou sexual, faça uma denúncia formal por meio dos canais disponíveis.
6
Considere mudar de área
Muitas organizações são abertas à prática do job rotation, ou seja, permitir que o colaborador mude de área de tempos em tempos. Essa é, inclusive, uma oportunidade para desenvolver ou aprimorar habilidades técnicas e comportamentais.
7
Abra-se para as oportunidades do mercado
Caso você chegue à conclusão de que o melhor é sair da empresa, trace um plano e vá em busca de uma oportunidade profissional que tenha mais relação com seus desejos, suas necessidades e suas expectativas.
Uma indicação para quem deseja ampliar a reflexão sobre lideranças tóxicas
Recentemente, o CEO da Talenses Executive, o João Marcio Souza, conduziu um webinar muito esclarecedor sobre lideranças tóxicas, que está na página do C-Talks. Além de apresentar dados de pesquisa, ele trouxe para o debate a opinião de Patricia Ansarah, fundadora do IISP | Instituto Internacional em Segurança Psicológica e Master Trainer em Segurança Psicológica, e Marcelo Lopes Cardoso, Integrador de Transformações Organizacionais e Fundador da Chie Integrates.
Uma última e importante sugestão
Seja qual for o caminho escolhido, situações que nos desagradam dentro das companhias e fora delas sempre são momentos valiosos para refletirmos sobre o nosso próprio comportamento. Será que estamos sendo totalmente corretos nas nossas condutas ou, também, temos algo a melhorar.
Somos humanos, o que nos torna suscetível ao erro. Mas, tão ruim quanto errar, é não demonstrar abertura a mudar.
Isso faz sentido para você?