Existe demissão humanizada?
Esse termo tem sido bastante utilizado, gerando todo tipo de reação, principalmente porque demissão, normalmente, está associada à ideia de “quebra de ciclo” por vontade de apenas uma das partes. Muitas vezes, ela é acompanhada por sentimentos difíceis de digerir, como tristeza, medo, decepção e frustração. É como se a pessoa demitida enfrentasse uma espécie de luto, algo bastante compreensível.
Talvez você esteja se perguntando o que é, de fato, uma demissão humanizada. E eu explico que ela se caracteriza quando, no momento do desligamento, a empresa entrega à pessoa demitida algo além do que está previsto em lei, entendendo que trata-se de um momento sensível e que tende a causar muitos impactos na vida do profissional.
Empresa: não demita uma mãe no retorno da licença-maternidade
Infelizmente, com muita frequência, tenho visto no LinkedIn mensagens de mulheres que, no retorno da licença-maternidade, são surpreendidas por uma demissão. Em muitos relatos, tratam-se de profissionais que se prepararam para o momento desmamando o bebê do leite materno, adaptando a criança em um berçário ou contratando alguém para cuidar do filho ou da filha.
Como mãe e gestora, eu recomendo: não demita uma mãe no retorno da licença-maternidade sem ao menos dar a essa profissional a chance de provar que retornou ao trabalho com mais foco e garra, que vai dar conta do que está sob sua responsabilidade, em casa e na empresa.
Considerando as mães que eu conheço e estão ativas no mercado de trabalho, posso afirmar que a chegada do filho fez delas profissionais ainda melhores, principalmente pelo desejo de ser um exemplo e um porto seguro para a criança.
Demitir uma mulher que acabou de retornar da licença-maternidade é, na verdade, um exemplo de demissão desumanizada.
Profissional: não seja cruel com você após uma demissão
Todos estamos sujeitos a uma demissão e aos sentimentos difíceis que ela pode gerar. Então, caso esteja passando por essa situação, procure entender os motivos do desligamento, veja se você precisa melhorar em algo e acolha-se. Mas não deixe que o desânimo ou o pessimismo atrapalhem a sua busca por novas oportunidades.
Um erro muito comum de profissionais demitidos é esconder de familiares e conhecidos que estão disponíveis para avaliar novas oportunidades de trabalho. Demissão não deve ser sinônimo de vergonha. Além disso, saiba que, em recrutamento e seleção, indicações são sempre muito bem-vindas. Mas as pessoas só poderão te indicar se souberem qual é o seu momento profissional.
Relações de trabalho não precisam ser eternas. Mas é imprescindível que exista respeito entre todos os envolvidos durante e após a jornada. O mundo corporativo é pequeno e dinâmico demais para deixarmos inimizades pelo caminho, seja você quem demite ou quem é demitido.
ISIS borge sangiovani
Colunista da VocêRH e do Valor Econômico
