O mercado de trabalho começa aquecido em 2024
Processos seletivos maiores, empregadoes menos tolerantes a entregas insatisfatórias e muita gente buscando uma movimentação. Entenda essas e outras tendências.
Colunista da VocêRH e do Valor Econômico
Existe uma crença de que as movimentações de carreira só começam após o carnaval. Isso é parcialmente verdade, quando pensamos em cargos de C-Level, em função dos pagamentos de bônus das empresas, que costumam acontecer em meados de março ou abril.
Mas o que tenho visto neste início de 2024 são empresas bem ativas, abrindo novas vagas e começando processos seletivos. Apesar de ainda haver profissionais de férias, as iniciativas de recrutamento não estão paralisadas: tanto entrevistadores quanto candidatos têm se mostrado disponíveis para conversar.
Também é verdade que o prazo dos processos estão maiores, com mais etapas e entrevistadores, porque existe uma grande preocupação dos líderes em agregar a pessoa certa ao time, para executar o planejamento do ano com qualidade. O foco, portanto, não está na velocidade do processo.
Vejo vagas no Brasil, mas também em muitas empresas no exterior. Na Talenses, por exemplo, estamos com vagas em companhias dos Estados Unidos, da Europa e de toda a América Latina – o que nos faz crer que o mercado de trabalho está começando o ano em um ritmo muito bom.
Tendências entre os empregadores
No Brasil, a maior parte das vagas disponíveis são para substituir pessoas que não estão cumprindo as expectativas do empregador ou não combinam com uma mudança de estratégia da companhia. Mas também há projetos de expansão gerando vagas novas.
Percebo que existe, atualmente, uma tolerância menor dos empregadores em relação à baixa qualidade das entregas. Eles também estão reagindo à tendência da “quiet quitting”: quem opera abaixo da média nas entregas ou na dedicação está sendo substituído, mesmo em empresas que eram consideradas estáveis em seus turnovers.
Fica, então, um alerta: se você está insatisfeito em sua empresa, procure ter uma conversa franca com seu líder direto ou com um representante do RH. Se o desejo é mesmo sair da empresa, estude logo uma movimentação para sair com uma boa reputação.
Aos empregadores preocupados em não perder talentos, vale manter em mente que seis em cada dez profissionais brasileiros não estão engajados, segundo a pesquisa Engaja S/A, realizada pela Flash, pelo Talenses Group e pela FGV. Noto este sentimento nas pessoas empregadas que nos procuram [os headhunters] para ouvir o que temos a oferecer.
Já para os empregadores interessados em ampliar ou fortalecer o quadro de colaboradores, esse é um bom momento para contratar, uma vez que muitas pessoas estão querendo iniciar novos ciclos profissionais.
Dicas para os profissionais
Ainda não há um padrão estabelecido em relação ao modelo de trabalho. Mas a cada dia vejo menos oportunidades remotas. A maior parte das companhias estão trabalhando de forma híbrida, sendo três dias no escritório e dois em casa. E muitas empresas já iniciaram o ano anunciando o retorno ao modelo presencial.
Isso significa que mudar de emprego em busca de mais flexibilidade precisa ser uma decisão muito bem estudada, porque muitas empresas ainda estão decidindo qual modelo adotar.
Eu sugiro avaliar as oportunidades além do salário ou do modelo de trabalho. Considere outros aspectos importantes, como as oportunidades de aprendizagem, os desafios da posição, o alinhamento cultural com aquela organização e o grau de identificação com a liderança.
E, se você está sem emprego, fique otimista: existem vagas no mercado. É hora de informar as pessoas sobre a sua disponibilidade, ativar o networking e manter atenção às oportunidades de trabalho.
Vale destacar que os recrutadores e headhunters estão ainda mais atentos à capacidade dos profissionais demonstrarem entusiasmo para trabalhar em determinada empresa. A boa comunicação e o alto astral em uma entrevista impactam bastante na seleção.
Que 2024 seja um bom ano para todos nós!
ISIS borge sangiovani
Colunista da VocêRH e do Valor Econômico