O novo te move ou te paralisa?
Colunista da VocêRH e do Valor Econômico
“Se você focar em proteger seu coração, você pode evitar muita dor, mas também vai viver uma vida pela metade”. Quem disse essa frase foi a personagem Hope, na série Virgin River. Lembrei dela recentemente, quando vi um candidato recusar uma proposta muito interessante, em um setor que ele sempre quis trabalhar, por receio da mudança.
Trabalho como headhunter há mais de 13 anos. Nesse período pude notar que, em geral, as pessoas temem a mudança, mas algumas ficam totalmente paralisadas diante delas. Alguns chegam a esquecer os motivos que os fizeram ir em busca de uma oportunidade no mercado e, simplesmente, aceitam uma contraproposta do atual empregador.
Pelo que pesquisei, existe algo intrínseco no ser humano, que é a autopreservação. Temos o instinto básico de preservar a nossa própria vida, de evitar a dor, de dar vez e voz ao medo. Por isso é importante treinarmos conscientemente os nossos pensamentos e, de maneira calculada e responsável, nos lançarmos ao novo, ao crescimento, à evolução.
No meu dia a dia, é esperado que eu ajude as empresas a encontrarem pessoas que vão fazer a diferença na história e nos resultados do negócio. Mas algo que me fascina muito na minha profissão é, também, ter a oportunidade de contribuir para a mudança e/ou a melhora da vida dos profissionais contratados. É um trabalho que exige empatia e, muitas vezes, preparo emocional para ouvir e acolher as histórias e experiências do outro.
Fiz esse relato para sugerir que, no contato com um headhunter, você sinta motivação para:
● Apresentar com clareza os seus desejos, as suas necessidades, as suas expectativas e os seus receios. Assim, com uma visão mais ampla do seu perfil e do que te move, esse profissional poderá te ajudar a ponderar o que é bom em uma oportunidade e qual é a decisão mais adequada a ser tomada.
● Entender que o dia a dia de qualquer oportunidade de trabalho, por mais maravilhosa que seja, vai ter pontos de desagrado, atividades que não são tão legais de executar, exigência por comprometimento ou pressão por resultados, por exemplo. Então, pense bem sobre os motivos que estão te motivando a se abrir para a proposta, sem se apegar exclusivamente e em demasia à marca da nova companhia.
● Pontuar o que é inegociável para você na oportunidade que procura. Pode ser que você valorize muito um ambiente de trabalho que não seja tóxico, uma cultura organizacional alinhada aos seus valores, o ramo de atuação da companhia, a localização da empresa, o modelo de trabalho ou ter gestão de equipes ou não.
Em geral, passamos a maior parte dos nossos dias envolvidos com questões profissionais. É muito importante, então, que o trabalho seja um ambiente que nos aproxime da sensação de realização. Mas, algumas vezes, isso só é vivenciado quando ousamos, de maneira prudente, silenciar o medo.
ISIS borge sangiovani
Colunista da VocêRH e do Valor Econômico