O Poder de Influência e a Intencionalidade Masculina na Busca por Equidade de Gênero
Alcançar a equidade de gênero no mercado de trabalho é um desafio que exige o engajamento e a colaboração de todos, inclusive de homens em posições de liderança. Dados da pesquisa Panorama Mulheres 2023, realizada pelo Talenses Group em parceria com o Insper, revelam que 83% das empresas no Brasil são comandadas por homens, reforçando a predominância masculina nas tomadas de decisão e a necessidade de uma maior intencionalidade por parte deles nesse processo.
Digo isso porque como fundador da “Aliança para o Empoderamento da Mulher” e membro ativo do Comitê da ONU Mulheres Brasil, tive a oportunidade de participar do programa Ganha-Ganha e da iniciativa #HeForShe, experiências que me proporcionaram uma visão mais realista e clara dos desafios, oportunidades e barreiras que dificultam o avanço da equidade de gênero no mercado de trabalho, bem como o acolhimento e a colaboração dos grupos de mulheres aos quais faço parte.
Reconhecer o papel dos homens como aliados nessa luta é fundamental. A participação ativa das lideranças masculinas geram um impacto expressivamente positivo na cultura das empresas, e contribui para a construção de ambientes de trabalho mais inclusivos e igualitários. No entanto, é essencial que essa atuação seja genuína, baseada em uma intenção real de contribuir para a mudança e não apenas de ter uma postura superficial ou simbólica.
Mais do que simplesmente assumir a posição de aliado no discurso por aparência ou obrigação, a intencionalidade genuína requer ações concretas e consistentes em prol de oportunidades equitativas de crescimento e desenvolvimento profissional. Isso envolve não apenas defender a causa em público, mas também assumir responsabilidades e desafiar atitudes e comportamentos discriminatórios, seja na desconstrução de estereótipos de gênero, na promoção de oportunidades ou no combate ativo ao machismo.
Outra parte fundamental do papel dos aliados é ouvir atentamente e aprender com as experiências das mulheres, reconhecendo e valorizando suas perspectivas únicas. Esse diálogo aberto e empático não apenas fortalece a conexão entre as diferentes realidades, mas também contribui para a construção de práticas e políticas mais eficazes.
Essa conscientização pode fazer com que os homens passem por sentimentos iniciais de insegurança ou falta de empatia. No entanto, é crucial criar um ambiente onde eles se sintam acolhidos para evoluir e se questionarem sobre como podem contribuir para essa quebra de status quo, especialmente no contexto de liderança.
Para que essas atitudes realmente aconteçam, a Pesquisa Panorama Mulheres 2023 também destaca a importância do compromisso formal com o empoderamento das mulheres e a igualdade de gênero nas organizações. Os dados revelam que a existência desse compromisso faz diferença, onde 54% das empresas lideradas por homens e 55% das empresas lideradas por mulheres, contam com algum tipo de compromisso nesse sentido.
Uma correlação entre a presença de compromissos formais de implementação de ações e a mudança efetiva no perfil de gênero na liderança das organizações também é destacada: com um compromisso formal, a probabilidade de uma mulher ocupar uma vice-presidência é 10% maior em comparação com empresas onde esse compromisso não foi estabelecido.
Essas reflexões e evidências da Pesquisa Panorama Mulheres 2023, só reforçam a necessidade de um compromisso real e efetivo por parte das organizações e dos líderes, homens e mulheres, na promoção da equidade de gênero e na criação de ambientes mais diversificados e justos.
Antes de terminar, queria compartilhar com vocês que mesmo a minha entrada nos grupos de Mulheres para influenciar os homens foi longa e árdua – Por vezes percebi como é difícil você buscar um espaço onde é minoria (absoluta nesse caso – ainda mais em 2011). Porém quando falamos do acolhimento e de fazer as coisas de forma genuína e com propósito, fui rapidamente aceito e incluído graças a mulheres como Adriana Carvalho, Ana Fontes, Patricia Salem Molino Speranza, Maria Jose Tonelli, Regina Madalozzo, Elisa G. Carra, Maristella Iannuzzi, Adriana Ferreira, Adriana Amelio, Silvia Tyrola, Edna Vasselo Goldoni, Junia Nogueira de Sa, Vivian Broge, Cris Kerr, Márcia Kitz entre outras que me apoiaram e foram muito importantes na formação da Aliança para o Empoderamento da Mulher.
Não temos mais tempo a perder. Minha missão aqui é fomentar discussões sobre o nosso poder de influência nos meios em que estamos inseridos e plantar a semente da intencionalidade masculina e do seu propósito. Ao reconhecer a importância de estar envolvido, aprender com as experiências das mulheres e assumir o compromisso de agir em prol da equidade de gênero, homens poderão verdadeiramente contribuir para a construção de um ambiente de trabalho mais justo e diverso.
E aproveito para desejar um Feliz Dia Internacional da Mulher também para quem me inspirou e me mostrou o caminho – Minha mãe, Marise Barroso e Dulce Egydio Carvalho (minha esposa, mãe do Fernando e uma Ortopedista entre tantos homens).