O avanço é silencioso, mas contínuo.
Insights do panorama mulheres 2023, produção de Talenses Group e Insper, ajudam as empresas do Brasil a inovar em diversidade de gênero.
O estudo Panorama Mulheres 2023
realizado pelo Talenses Group em conjunto com o Insper e divulgado em primeira mão por HSM Management, ajuda a enxergar abaixo da superfície e responde a perguntas essenciais. Por exemplo, alguém consegue chegar às posições mais altas das empresas se passar 20 anos no RH, como sempre aconteceu com gestoras? Não. A evolução nas novas gerações de profissionais mulheres é que elas não vão mais passar 20 anos no RH; a mobilidade interna aumenta consistentemente.
Quem acompanha o movimento pró-equidade entre homens e mulheres nas organizações por posts de redes sociais pode achar que esse tema entrou na agenda nos últimos dez anos. De fato, o debate ficou mais barulhento, e a pressão por ações afirmativas ganhou voz e corpo junto à opinião pública nessa última década, mas ele não é recente. Pode-se dizer que ele tem 30 anos, isto sim, se considerarmos o ano de 1993 como um divisor de águas, quando a declaração e o programa de ação da 2ª Conferência Internacional de Direitos Humanos da ONU, realiza-da em Viena, reafirmando os direitos humanos de mulheres e meninas como inalienáveis, colocou como objetivos prioritários da comunidade internacional a “erradicação de todas as formas de discriminação” com base no sexo.
Essa noção histórica é importante porque nos leva a ver o filme mais do que a fotografia e a entender melhor os dados apresentados no Panorama Mulheres 2023, estudo realizado por Insper e Talenses Group, e publica-do em primeira mão por HSM Management. Apesar de, conforme a amostra analisada, 83% dos cargos de presidência das empresas ainda serem ocupados por homens, o surgimento contínuo de leis e políticas públicas, somado ao crescimento do número de consultorias especializadas e manifestações pró-equidade na mídia e nas redes sociais, contam uma história diferente: o avanço é praticamente contínuo. Assim, é para o filme, mais do que para a foto, que devemos olhar – para um filme povoado de dados que sinalizam a mudança maior.
Como pontua Ana Diniz, professora do Insper e uma das coordenadoras do Panorama Mulheres 2023, “a gente sabe que existem problemas; faz par-te de um processo decisório mais robusto trazer dados para a discussão”. Neste especial, HSM Management apresenta os dados do Panorama Mu-lheres 2023, numa resenha do filme, aprofundando causas, consequências e caminhos futuros com especialistas e também trazendo a perspectiva de organizações e de mulheres líderes.
Insights do Panorama Mulheres 2023
Nos conselhos de administração
Parte I – O tamanho do problema
Como dissemos, o gap continua a ser bem grande: apenas 17% dos cargos de presidência das empresas são ocupa-dos por mulheres, numa projeção da amostra no Panorama Mulheres 2023 para o mercado brasileiro. E esse número, por incrível que pareça, representa uma conquista, principalmente em um período pós-pandemia. Em 2019, apenas 13% das posições de presidência eram ocupadas por mulheres e em 2017, primeiro ano da pesquisa, elas eram apenas 8% das pessoas presidentes nas empresas.
Na avaliação do professor do Insper e coordenador técnico do Panorama Mulheres 2023 Fernando Ribeiro Lei-te Neto, essa elevação pode ser vista como uma expansão quase contínua da presença de mulheres nas lideranças das empresas avaliadas, em todos os níveis hierárquicos. “[Os dados] pa-recem indicar que o desenho, no mé-dio prazo, é de aumento da presença de mulheres nas presidências e nos cargos de alta liderança”, explica ele.
as quatro posições no foco da pesquisa – diretoras, vice-presidentes, presidentes e conselheiras –, o último grupo foi o que teve evolução mais significativa. A presença de mulheres nos conselhos de administração (CAs) em 2017 era de meros 10%; saltou para 21% no estudo de 2023.
A segunda tendência de crescimento de maior destaque se deu na vice-presidência. Em 2017, eram só 18% de VPs mulheres, e agora a proporção está em mais que um terço do total (34%).
O mesmo não ocorreu com as mulheres diretoras, no entanto. Essa evolução é mais lenta. Em 2017, elas ocupavam 21% das posições das empresas do estudo que declaram ter a posição de diretoria na sua estrutura; em 2023, o percentual subiu para 26%.
“A gente ainda tem o efeito do de-grau quebrado”, pontua Margareth Goldenberg, CEO da Goldenberg Di-versidade e gestora executiva do Movimento Mulher 360. “Nós temos em torno de 56% de mulheres concentra-das em cargos até de entrada, assistentes, analistas, e esse total se transforma em menos de 20% quando falo em mulheres gerentes e diretoras.” Um dos focos do Movimento Mulher 360, conta ela, é justamente entender o que leva a quebrar esse de-grau e o que fazer para superá-lo.
PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NOS CARGOS DE PESEIDÊNCIA EM 2017, 2018, 2019 E 2023 (EM %)
A lista de causas para isso é extensa: “Temos muitas questões culturais, de ambiente machista, masculinizado, a expectativa do líder das atitudes, mui-to mais masculina do que feminina, a forma como se dá feedback, como se promove é diferente, a maternidade – as mulheres estão engravidando mais tarde, geralmente porque estão nessa fase de coordenação”, elenca, destacando vários vieses e mitos. É um alerta quanto à média gerência, que re-presenta a grande massa da empresa e onde se encontram as principais re-sistências. Ainda assim, ela reconhece avanços na maturidade das empresas do Brasil, que hoje buscam mais forma para implementar ações do que para conscientizar suas lideranças. Avanço que também é visto por Luiz Valente, CEO do Talenses Group.